Desenvolvido pela Trialforge Studio e publicado pela Tate Multimedia, Deathbound traz uma experiência inovadora ao gênero Souls-like, combinando uma narrativa densa com um sistema de combate que permite alternar entre múltiplos personagens, cada um com habilidades únicas.
Situado em um mundo pós-apocalíptico, Deathbound explora temas profundos sobre a vida e a morte, abordando conflitos filosóficos entre facções que têm perspectivas distintas sobre o valor da mortalidade. Embora a ideia central e a ambientação do jogo sejam bem construídas, alguns aspectos da jogabilidade e da apresentação deixam a desejar.
A IGREJA DA MORTE
A trama de Deathbound se desenrola em um universo sombrio e fragmentado, onde Therone, o protagonista, é um membro da Igreja da Morte que possui uma habilidade rara: ele pode incorporar “Essências” de outros guerreiros, absorvendo suas memórias, habilidades e personalidades. A narrativa gira em torno de uma guerra ideológica entre facções com visões opostas sobre a mortalidade, e o poder de Therone de canalizar as almas de heróis caídos o coloca em uma posição central neste conflito.
A jornada de Therone não é apenas física, mas também psicológica, pois cada “Essência” que ele incorpora carrega traumas, desejos e objetivos inacabados. A interação com essas essências nos permite conhecer os motivos de cada guerreiro, fornecendo contextos que aprofundam o universo do jogo.
Conforme a história avança, percebemos que as escolhas de Therone podem influenciar o desenrolar do conflito. Essa mecânica narrativa torna o enredo menos linear e incentiva o jogador a se engajar emocionalmente com cada essência incorporada.
Apesar da imersão oferecida pela história, a dublagem e alguns diálogos podem não capturar toda a profundidade pretendida, o que enfraquece o impacto emocional em certos momentos. Ainda assim, o desenvolvimento da trama e o conceito de mortalidade abordados em Deathbound destacam o jogo no gênero Souls-like, que muitas vezes prioriza a jogabilidade em detrimento de uma narrativa mais elaborada.
NO CORAÇÃO DAS BATALHAS
O grande diferencial de Deathbound está em seu sistema de “Essências Vinculadas”. Em vez de seguir um único estilo de combate, Therone pode alternar entre personagens com habilidades distintas, adquirindo novas estratégias e estilos de luta conforme incorpora cada essência.
Cada “inquilino” tem uma relação específica com Therone, influenciando a eficácia das habilidades e permitindo a criação de sinergias ou conflitos que afetam a performance em combate. Esse sistema lembra um RPG de múltiplas classes, onde o jogador tem a liberdade de moldar Therone para diferentes situações, onde é preciso planejar quais essências usar em cada combate, pois algumas combinações podem garantir breves momentos de invencibilidade ou ataques mais poderosos.
A progressão em Deathbound incentiva a explorar e o enfrentamento de desafios crescentes, permitindo que Therone evolua suas habilidades e aprenda novos movimentos com cada essência adquirida. A árvore de habilidades é ampla, permitindo que o jogador ajuste seu estilo de combate de acordo com suas preferências, seja priorizando ataques rápidos e precisos ou investindo em habilidades defensivas.
No entanto, esse sistema robusto tem alguns pontos negativos: em momentos de ação intensa, a troca entre essências pode ser afetada pela câmera e pela resposta dos controles, dificultando o tempo de reação em combates críticos.
Em resumo, o sistema de “Essências Vinculadas” em Deathbound oferece uma camada de profundidade e estratégia que é rara no gênero. Exigindo ágilidade e adaptação, no planejamento de ações e escolha de habilidades, o que traz um frescor ao formato Souls-like.
A FACE ARTÍSTICA DE DEATHBOUND
A direção de arte do jogo é uma das características mais atraentes, com um estilo visual que combina ruínas futuristas e uma estética gótica para criar um ambiente sombrio e imersivo. A trilha sonora, sombria e pesada, complementa o cenário e aumenta a tensão.
Contudo, a inconsistência na dublagem prejudica a experiência em momentos que deveriam ser emocionalmente impactantes. Em geral, os gráficos e o design sonoro se alinham bem ao tom do jogo, mas o áudio de voz poderia ser mais trabalhado para reforçar a narrativa.
UMA EXPERIÊNCIA SINGULAR NO GÊNERO SOULSLIKE
Deathbound traz uma abordagem interessante e ousada ao gênero soulslike, indo além da tradição solitária que muitos jogos do estilo adotam.
Com a inclusão de um sistema de múltiplos personagens integrados a Therone, ele permite que os jogadores explorem multiplas personalidades e habilidades ao mesmo tempo, o que adiciona uma camada extra de estratégia e variedade ao combate. O sistema de “Morphstrike” e as sinergias entre os Guerreiros Caídos fazem da gameplay uma experiência única e dinâmica, que recompensa tanto a criatividade quanto a experimentação dos jogadores.
O jogo oferece uma experiência gratificante ao desafiar os jogadores não apenas a dominar mecânicas complexas, mas também a pensar sobre suas escolhas e suas repercussões. A possibilidade de aliar-se a diferentes facções, como a Igreja da Morte e o Culto da Vida, e o impacto que essas alianças têm no desenvolvimento do conflito, conferem uma profundidade emocional à jornada de Therone.
No entanto, algumas melhorias poderiam elevar ainda mais essa experiência, como a expansão das interações narrativas entre os personagens absorvidos, permitindo que suas histórias e conflitos ganhem ainda mais relevância ao longo do jogo. Além disso, uma atenção extra aos detalhes visuais poderia ajudar a fazer jus ao rico universo de Deathbound e aumentar a imersão do jogador.
Esse título é altamente recomendado para fãs de RPGs de ação que apreciam sistemas de combate complexos e narrativas que reagem às suas escolhas. Para os que buscam um desafio renovado no gênero soulslike e desejam explorar uma experiência profunda e repleta de decisões significativas, Deathbound promete ser uma jornada marcante.
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- Games
- 8 de agosto de 2024