
O retorno de Bleach aos consoles e PCs em Rebirth of Souls é, à primeira vista, um presente para os fãs que aguardavam há anos um título moderno da franquia.
Com visuais impactantes e fidelidade estética ao anime, o jogo atrai olhares, mas logo entrega uma experiência que se limita ao espetáculo visual. O problema não está em como o jogo se parece — mas sim no que ele deixa de ser.
Enquanto outros títulos baseados em animes vêm apostando em campanhas envolventes e modos de jogo que incentivam a permanência, Rebirth of Souls aposta no básico e pouco oferece além de lutas estilizadas.
A campanha carece de profundidade narrativa, os modos de jogo se esgotam rapidamente e o sistema de progressão quase inexiste. O resultado é uma experiência com alma de fã service, mas sem coração de jogo duradouro.
Um Espetáculo Visual . . . à Primeira Vista
Antes de destrincharmos o que Bleach Rebirth of Souls realmente entrega enquanto jogo, vale assistir ao trailer de lançamento — um compilado visual que traduz bem a promessa estética e o apelo emocional da obra.
Combates estilizados, referências marcantes do anime e uma trilha sonora empolgante criam a ilusão de que estamos prestes a presenciar um dos maiores retornos de um shonen aos videogames.
Mas, será que essa energia se mantém no controle do jogador?
Assista ao trailer de lançamento oficial de Bleach Rebirth of Souls (versão Japonesa, a melhor)!
Um Reencontro sem Propósito
Para um universo tão carregado de emoção, mitologia e personagens carismáticos como Bleach, o mínimo esperado de Rebirth of Souls seria uma campanha que celebrasse o retorno da franquia com alma, conflitos bem trabalhados e desenvolvimento dramático digno do legado de Tite Kubo. No entanto, e infelizmente, o que temos aqui é uma estrutura rasa, episódica, com narrativa fragmentada e sem peso emocional.
O Modo História se apoia em trechos desconexos, recontando lutas icônicas com filtros de nostalgia, mas sem nenhum esforço real de construir um enredo consistente.
Os personagens entram e saem de cena como figuras de ação em prateleiras, sem motivação clara ou progressão. A ausência de decisões, ramificações ou recompensas narrativas faz com que tudo soe mais como um telão interativo do que como uma campanha de verdade.
A direção parece tratar o enredo como algo opcional — quase um tutorial canonizado — quando deveria ser o coração do jogo. Há dublagens e cutscenes, mas tudo parece automatizado, previsível, e sem alma.
Para quem conhece o peso dos arcos como Soul Society, Hueco Mundo ou Thousand-Year Blood War, a falta de dramaticidade aqui chega a ser ofensiva.
Rebirth of Souls trata a campanha como um lembrete visual da franquia, e não como uma experiência narrativa que justifique o seu próprio renascimento.
Quando o Estilo Luta contra sua Essência
Na superfície, Bleach Rebirth of Souls tem tudo o que um fã de anime pode esperar de um jogo de luta moderno, com movimentos cinematográficos, golpes especiais com letreiros dramáticos, e personagens que parecem saltar direto do episódio para a arena.
Mas, basta mergulhar um pouco mais fundo para perceber que, por trás da fachada estilosa, há pouca profundidade mecânica.
O sistema de combate é acessível, o que poderia ser um ponto positivo se não desaguasse em uma jogabilidade rasa. A maioria dos personagens compartilha padrões de combos muito similares, com variações que são mais cosméticas do que estratégicas.
Falta peso nos golpes, variação de ritmo entre os lutadores e, principalmente, ausência de um sistema de risco e recompensa que dê espaço para a construção de partidas memoráveis.
A movimentação é um pouco travada e a física dos impactos carece de feedback tátil. Isso enfraquece a imersão e torna o aprendizado de cada personagem menos significativo.
Em comparação com outros títulos de peso no gênero, como Dragon Ball FighterZ, Guilty Gear Strive ou até Naruto Storm 4, Rebirth of Souls carece de elementos que estimulem domínio técnico ou leitura de jogo — como parry, dash defensivo com invulnerabilidade ou counter skills contextuais. A defesa se limita ao bloqueio padrão e esquivas visuais, o que restringe a criação de situações táticas, diminuindo a tensão e profundidade nas lutas.
A ausência desses fundamentos não apenas limita o espaço para jogadores avançarem, como também torna as partidas mais previsíveis. É um problema estrutural que, se ajustado, poderia elevar a experiência para algo muito mais memorável e competitivo.
Em resumo, o Título entrega um combate visualmente vibrante, mas mecanicamente inerte, num palco bonito com atores que não sabem dançar.
A Casca Oca da Experiência
Se existe um ponto onde Rebirth of Souls expõe sua maior fragilidade, é na oferta de modos de jogo.
O pacote entregue no lançamento beira o mínimo viável, apresentando um modo arcade com variações rasas, um modo versus local e online, e a já citada campanha episódica. Não há nenhum sistema de progressão envolvente, desafios criativos ou modos que incentivem o domínio técnico dos personagens.
O jogo não oferece modo treino com parâmetros ajustáveis ou ferramentas adequadas para praticar — um pecado para qualquer jogo de luta que se leve a sério. Também não há “torneios locais”, survival, ou qualquer estrutura que simule um ambiente competitivo mais profundo ou traga replayability genuína.
Tudo se resume a lutas rápidas com apresentação caprichada, mas sem propósito real de consistência.
Mesmo o modo online, que poderia ser um ponto de respiro, sofre com instabilidades no matchmaking, ausência de lobbies robustos e nenhum sistema de ranking claro ou progressão visual, como skins, títulos ou conquistas.
Após algumas horas, isso acaba gerando um efeito imediato, despertando a sensação de que já vimos tudo o que o jogo tem a oferecer. E o que era para ser um renascimento, soa como uma demo premium que, mais se preocupa em exibir seus personagens do que em construir um ecossistema jogável.
Uma Alma renascida sem Propósito
Depois de tantas promessas evocando o peso do nome Bleach, Rebirth of Souls chega como uma releitura visualmente ambiciosa, mas mecanicamente superficial.
O jogo acerta em capturar a estética da franquia e oferecer lutas cinematográficas que brilham nos trailers, mas tropeça justamente onde um jogo de luta não pode falhar: na jogabilidade, no conteúdo e na consistência.
A falta de profundidade no sistema de combate, aliada à escassez de modos significativos, limita a longevidade do título. O fanservice está lá, mas sem o suporte de mecânicas afiadas ou conteúdo duradouro, ele se esvazia rapidamente em apenas algumas horas.
O jogo parece ter sido criado para ser admirado em breves cortes de gameplay, mas não para ser realmente dominado ou explorado.
Há, sim, um valor emocional em ver nossos personagens favoritos como Ichigo, Rukia e toda a galera do anime, lutando com fidelidade visual. Mas, isso por si só não sustenta um título no competitivo mercado de jogos de luta atual.
O que poderia ser o verdadeiro retorno triunfal de Bleach aos games, termina como uma experiência passageira — um prólogo estendido que promete mais do que entrega.
Para mais informações, siga nossas Redes Sociais ou visite o Site Oficial de Bleach Rebirth of Souls!
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- Games
- 19 de maio de 2025
- 5.5Total Score
Rebirth of Souls revive a estética de Bleach, mas esquece a alma que fez a franquia vibrar. Um renascimento visual, mas não essencial.