
Beneath chega com a honestidade de um survival horror que bebe da era dourada dos shooters e transforma escassez, claustrofobia e ameaça constante em mecânicas narrativas.
No papel de Noah Quinn, um mergulhador cuja expedição se transforma num pesadelo submerso, o jogador é empurrado para um ambiente onde cada bala conta, cada corredor apertado amplifica a incerteza e a própria sanidade vira recurso em risco.
Desenvolvido pela Camel 101, um micro-estúdio formado por dois irmãos e publicado pela Wired Productions, Beneath abraça o desafio old-school com inimigos implacáveis, munição rarefeita e um design que privilegia a tensão sobre o fluxo frenético. A estética remete aos clássicos das gerações PS3/Xbox 360, mas a proposta vai além da nostalgia com um convite intencional para quem busca uma experiência punitiva, densa e cuidadosamente construída em atmosfera.
Para os curiosos, há uma Demo gratuita disponível na Steam como parte do Steam Next Fest, uma oportunidade de sentir na pele a proposta do jogo antes do lançamento. E, para quem acompanha lançamentos e campanhas, o título ainda chega com desconto de pré-venda por tempo limitado, reforçando a chance de conferir a obra enquanto a comunidade começa a formar suas impressões.
As Origens e a Essência Retrô
Por trás de Beneath está o estúdio Camel 101, um micro time formado por dois irmãos que decidiram revisitar o terror à moda antiga, quando o desconforto era parte da experiência e o controle total do jogador jamais foi uma garantia. Longe das superproduções e dos efeitos espetaculares, a dupla apostou naquilo que muitos estúdios modernos abandonaram . . . a tensão do desconhecido e o prazer em dominar o medo por mérito próprio.
Nessa escolha criativa, há um sentimento silencioso que, não deseja transformar Beneath em um “novo clássico”, mas relembrar por que os clássicos mantém o mercado aquecido até hoje.
Sua ambientação é densa e compacta, o design visual revive a granulação e o contraste dos primeiros shooters de horror psicológico, e cada passo dentro das estruturas submersas é calculado para instigar a paranoia. A ideia é fazer o jogador sentir que está em um ambiente vivo, e hostil, onde o domínio do local só pode ser conquistado com habilidade e estratégia minuciosa.
Essa estética retrô vai além da aparência, ditando o ritmo, definindo a cadência dos combates e estabelecendo um senso de perigo constante. É um retorno a era em que os jogos precisavam de paciência, leitura de cenário e sensibilidade ao som distante de um inimigo, não apenas reflexos rápidos.
E é nesse equilíbrio entre reverência e reinvenção que Beneath começa a construir sua identidade dentro da nova geração.
O Horror das Profundezas Marítimas
Em Beneath, o horror não vem apenas dos monstros, mas do silêncio que intercala um evento e outro.
O protagonista, Noah Quinn, é um mergulhador experiente acostumado a lidar com as pressões do oceano, mas nenhuma expedição o preparou para a escuridão que o aguarda nas profundezas. O mar, antes apenas um ambiente de exploração, se transforma em uma prisão viva, saturada de ruídos metálicos, luzes instáveis e sombras que parecem nos observar de volta.
Essa sensação de confinamento é o destaque da experiência, onde a cada sala iluminada por uma lanterna que falha, somos lembrados de que não há fuga, apenas sobrevivência.
O oceano, vasto e sufocante, se torna um inimigo invisível e, a arquitetura metálica e corroída das bases submersas, somada à presença de criaturas que desafiam toda forma de lógica biológica, cria uma ambientação que traduz o terror Lovecraftiano, em escala humana, como “o medo do desconhecido absoluto“.
Mas, Beneath vai além da estética do medo, apresentando a loucura progressiva de Noah não em falas ou textos, mas na própria deterioração da experiência com sons distorcidos, visões confusas e momentos em que o próprio jogador questiona o que é real. Essa abordagem psicológica, mais sensorial do que narrativa, faz o medo emergir das profundesas da nossa alma, provocando desconforto sem precisar recorrer ao “jump scare”.
Sobrevivência, Escassez e Desespero
Beneath não esconde suas intenções, ele quer que o jogador sofra, mas sofra com propósito.
A escassez de munição e a agressividade dos inimigos fazem parte de um sistema de sobrevivência que rejeita o conforto e recompensa a dominação do ambiente. Em cada confronto é preciso escolher entre lutar ou preservar recursos, fazendo com que a tensão desperte da vulnerabilidade, e essa vulnerabilidade é o que sustenta toda a imersão.
Nesse sentido, o design de combate é quase um sistema de aprendizado, onde o jogo ensina, pela dor, a valorizar cada movimento, cada cartucho e cada instante de silêncio, é um tipo de dificuldade que não busca punir, mas fazer o jogador entender o peso da sua escolha. O ritmo mais lento e metódico, combinado com o design de som que amplifica cada ruído distante, faz com que até o simples ato de recarregar seja um momento de risco real.
Em um mercado saturado por shooters lineares e experiências que colocam o poder nas mãos do jogador, Beneath inverte a lógica, apresentando o medo não como uma força inimiga, mas uma limitação do próprio protagonista. Essa vulnerabilidade controlada é o que o torna genuinamente retrô, uma lembrança de tempos em que sobreviver significava aprender a perder.
Um Retorno às Raízes
Ao observar Beneath em meio à safra atual de lançamentos, fica evidente que ele não busca competir com os blockbusters visuais nem com o realismo técnico das grandes franquias. Seu poder está na lembrança do tempo em que a limitação criava identidade.
A equipe da Camel 101 parece entender que o fascínio dos clássicos não vinha apenas do medo, mas da maneira como o jogador era forçado a enfrentá-lo.
Nessa direção, Beneath age como um espelho dos próprios jogadores veteranos, aqueles que cresceram com o desconforto dos primeiros Resident Evil, com o isolamento de System Shock e com a melancolia silenciosa de Dead Space. O jogo conversa diretamente com esse público, não como um produto nostálgico, mas como uma continuação natural de uma linguagem que muitos acreditavam estar extinta.
O fato de oferecer uma demo gratuita no Steam Next Fest reforça essa intenção, convidando o público a sentir o jogo, não apenas observá-lo. É um gesto honesto, e estratégico, de confiança no próprio design.
Além disso, o desconto de pré-venda por tempo limitado sinaliza uma iniciativa acessível, pensada para fortalecer o primeiro contato com a comunidade. Um estúdio pequeno, sim, mas com clareza de propósito e noção de posicionamento em um cenário dominado por fórmulas previsíveis.
O Chamado das Profundezas
Beneath não é sobre vencer monstros, é sobre enfrentá-los sabendo que talvez não haja vitória. É um jogo que entende o medo como consequência da curiosidade humana, um impulso de ir além, mesmo quando tudo ao redor grita para voltar.
A jornada de Noah Quinn é o reflexo desse instinto, uma metáfora silenciosa sobre o que acontece quando a coragem ultrapassa o bom senso.
Nas profundezas, não há caminho seguro, nem promessas de redenção, há apenas o som distante do próprio fôlego, o estalar da estrutura metálica e a consciência de que, a qualquer instante, o vazio pode interagira até mesmo com o seu silêncio.
E é nesse limiar entre o horror e a descoberta que Beneath encontra sua força . . . um lembrete de que o verdadeiro terror não mora nas criaturas, mas no quanto estamos dispostos a descer para descobrir o que nos assombra.
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- 13 de outubro de 2025