The First Berserker: Khazan – A Redenção de um Herói Traído

A chuva desaba sobre um campo esquecido pelos deuses, como se o próprio céu sangrasse pela injustiça que nunca foi reparada. Cadáveres de ideais despedaçados se espalham pela lama, junto a ecos de glória apagada.

No centro desse cenário dilacerado está Khazan, o Primeiro Berserker — não mais o campeão reverenciado pelo Império, mas o traidor condenado, o nome riscado da história.

Sua espada não reluz, ela geme. Não é símbolo de justiça, mas de fúria contida e memórias banidas.

The First Berserker: Khazan não começa como um jogo, ele se ergue como uma sentença. Um convite brutal à resistência, onde cada golpe dado é um ato de vingança contra um sistema que escolheu esquecer.

🎬 Um prólogo em Carne, Ferro e Fúria

Para entender o peso dessa jornada, palavras não bastam, o trailer de lançamento de The First Berserker: Khazan serve como prólogo visual da lenda que estamos prestes a destrinchar.

Um mergulho direto na atmosfera brutal, melancólica e épica que molda o retorno de um guerreiro esquecido.

🩸 O Berseker que veio antes de todos

Khazan não nasce como uma promessa, ele ressurge como uma cicatriz viva no corpo da história, como a última chance de reescrever aquilo que foi injustamente selado.

A Nexon Games resgatou um personagem mítico do universo de Dungeon Fighter Online e o reconstruiu em um jogo solo, brutalmente estilizado, em que a ação é ao mesmo tempo bela e devastadora. No entanto, engana-se quem pensa que isso aqui é mais uma “história de origem”. Khazan é sobre o depois . . . o que sobrou de um homem quando tudo lhe foi tomado.

Não estamos diante de um “power fantasy”, mas de um estudo visceral sobre injustiça, memória e redenção. E essa escolha narrativa, corajosa e até melancólica, dá um tom que destoa — no melhor dos sentidos — da mesmice que domina os jogos de ação atualmente.

The First Berserker: Khazan

⚔️ Combate com peso, ritmo e brutalidade artística

A alma de Khazan vive no combate . . . e que combate, meus amigos.

A jogabilidade mistura o ritmo de Soulslike com o impacto visceral de Nioh, cravando sua própria identidade no gênero e na indústria de games.

Não há espaço para “macetar botão”, cada golpe precisa ser sentido, planejado e até vivido. O sistema de “postura” adiciona uma camada de complexidade ao combate, te obrigando a observar o padrão do inimigo antes de decidir quando quebrar sua defesa, e quando recuar.

As animações são cinematográficas e selvagens — os golpes desferidos por Khazan são mais do que movimentos, eles representam a encarnação pura dos sentimentos que colocamos em cada golpe decisivo.

Ao cravar a lâmina em um inimigo ou quebrar a guarda de um monstro grotesco, você sente a alma do jogo se manifestando, é uma coreografia de brutalidade, rica em detalhes e extremamente satisfatória do ângulo visual.

Já o level design, embora assuma uma estrutura linear, se mantém funcional e proposital.
A progressão em linha reta não limita a experiência, ao contrário, ela intensifica o ritmo da ação, direcionando o jogador com precisão para combates, desafios e encontros-chave, sem dispersão desnecessária.

É uma escolha que prioriza o fluxo e a intensidade da narrativa, em vez de apostar na exploração por exploração.

The First Berserker: Khazan

🧱 História que desafia a Memória Institucional da Fantasia

No coração de Khazan, , pulsa uma narrativa sobre como o poder reescreve a história.

O protagonista foi traído, caluniado e apagado dos registros oficiais. O jogo não apenas te coloca no papel de vingador — ele te entrega a missão de reconstruir sua verdade, peça por peça. Literalmente recuperando memórias perdidas e enfrentando os fantasmas do passado . . . muitos dos quais hoje ocupam tronos de glória.

A escolha narrativa aqui é ousada e cheia de propósito. Em vez de provocar o orgulho da ascensão, somos conduzidos por uma trajetória marcada pela dor da exclusão e pelo peso da traição.

Khazan não quer que você se veja como um salvador — ele quer que você sinta a fúria de alguém que foi silenciado, apagado da história e deixado à margem por aqueles que juraram honrá-lo.

Ele quer que a gente questione, desconfie das versões oficiais e lute — não por justiça universal, mas pela própria verdade que nos foi roubada. E é justamente isso que o torna ainda mais revolucionário.

Num momento em que boa parte da indústria segue calibrando narrativas para agradar o algoritmo e fórmulas de engajamento, Khazan vai na contramão, entregando uma história pessoal, suja, amarga, quase que incômoda — refletindo um sistema que devora os próprios heróis quando eles se tornam inconvenientes.

O jogo não vai te pedir Empatia, nem Redenção!

Mas, pode ter certeza que, ele vai fazer você sentir o peso de ser esquecido — e usar essa dor como combustível para se tornar implacável.

The First Berserker: Khazan

🔥 Uma Conquista de Peso para Nexon

É importante reconhecer o impacto que Khazan representa para a Nexon. Vinda de um legado focado em MMOs e jogos de ação online, a desenvolvedora ousou mergulhar no território dos jogos solo com narrativa e densidade.

E fez isso sem parecer desesperada por aprovação — Khazan é um jogo com identidade, com alma e com propósito.

A estética mistura traços orientais sombrios com um nível de detalhe grotesco que ecoa os melhores momentos de Blasphemous ou Lies of P. O mundo é feio, mas é um feio com intenção e peso dramático.

A beleza do jogo não está nas paisagens, mas na composição artística do caos e no desconforto estético que ele entrega sem pedir desculpas.

⚠️ O que ainda pode ser Lapidado

É claro que o jogo tem suas arestas . . . The First Berserker: Khazan ainda pode ir além com um tratamento mais minucioso em certos pontos específicos.

  • IA dos Inimigos ainda Oscilante
    Em diversos momentos, a inteligência artificial se mostra inconsistente — inimigos que, ora perseguem com agressividade, ora parecem entrar em um transe de passividade. Essa oscilação quebra a tensão de combates que deveriam ser implacáveis e, por vezes, entrega brechas artificiais que favorecem o jogador de forma não intencional.
  • Chefes com Padrões Excessivamente Previsíveis
    Alguns chefes, embora visualmente marcantes, acabam presos em ciclos de ataque fáceis de decorar. A previsibilidade reduz o impacto dramático desses encontros e pode minar a sensação de conquista em confrontos que deveriam provocar suor e frustração controlada.
  • Interface Genérica que Não Acompanha a Identidade Visual
    Os menus do jogo cumprem seu papel funcional, mas pecam pela falta de identidade. Ícones, fontes e estrutura remetem a templates genéricos, destoando da direção de arte visceral que domina o restante do jogo. É um detalhe, mas que tira pontos quando se trata de imersão total.
  • Dublagem que Carece de Entrega Emocional nos Momentos Críticos
    Embora seja louvável a presença de dublagem completa com legendas, a performance vocal do protagonista — especialmente em cenas de ruptura emocional — parece contida demais. Faltam nuances, raiva, dor ou fragilidade nos momentos em que a narrativa exige mais do que apenas uma voz presente: exige uma alma dilacerada.

Ainda assim, nenhum desses pontos comprometem a experiência como um todo, pelo contrário, evidenciam que Khazan representa um primeiro passo sólido em uma nova direção.

Se a Nexon optar por aprofundar essa jornada com expansões narrativas e ajustes pontuais, há um grande potencial para consolidar o título como referência dentro de uma linha autoral e premium em seu portfólio.

⚔️ Khazan: A Redenção de um Herói Traído

The First Berserker: Khazan não é um jogo feito para todos. E isso é exatamente o que o torna tão valioso.

Violento, denso e melancólico, ele carrega a coragem de não se curvar às fórmulas fáceis. É um jogo que sabe o que quer ser — o grito de um homem apagado da história, reescrevendo sua existência com a lâmina em punho e o peso da verdade nos ombros.

Mais do que um jogo de ação, Khazan é um declaração visual e narrativa sobre resistência, memória e identidade. Um raro exemplo de autoria em uma indústria que tantas vezes se dilui para agradar todos os públicos.

Ele não tenta entreter, ele confronta. E, nesse confronto, nos lembra que há beleza também na dor, na fúria e na luta por um nome que não será esquecido.

Se o futuro dos jogos for construído com essa mesma sinceridade criativa, então que venham mais berserkers.


Agradecemos à Assessoria de Imprensa da Nexon por nos fornecer uma cópia de The First Berserker: Khazan para PC, o que possibilitou a elaboração e o compartilhamento de nossas primeiras impressões através desta análise.

Para mais informações, siga nossas Redes Sociais ou visite o Site Oficial de The First Berserker: Khazan!

Visão Geral
  • 8,5Total Score

    Khazan é brutal, honesto e cheio de identidade. Um começo promissor para a Nexon nos jogos solo, com falhas pontuais, mas um impacto difícil de ignorar.

0 0 votos
Article Rating
Inscrever-se
Notificar de
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Login
Loading...
Sign Up
Loading...
0
Adoraria saber sua opinião, comente.x